segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

Entre os maiores da história


Deu a lógica em Yokohama. No mesmo palco que o Brasil conquistou o seu penta, Messi, Xavi, Iniesta, Fábregas e cia limitada foram consagrados como os mais novos deuses do futebol. Não é blasfêmia. O Barcelona pratica um futebol de outro mundo. E, se os jogadores não são humanos, só podem ser seres divinos.

Não concordo com quem tenta execrar Muricy Ramalho ou Neymar por não terem feito o Santos jogar. Contra esse Barcelona, pouco importa se o adversário é o peixe, o Real Madrid ou o Manchester United. O desfecho é quase sempre o mesmo. Vitória e show catalão.

Adiantar a marcação só daria mais espaço na intermediária ofensiva para Xavi, Iniesta, Messi, Daniel Alves ou Fábregas. O resultado seria o mesmo de 99,99% dos jogos. Derrota de quem ousa enfrentar esse time de semideuses do futebol.

Sim, são semideuses, porque deus, no futebol, assim como na religião, só existiu um, Pelé. O que falar de um Messi que não fica duas partidas sem marcar gol e nos presentear com seus lances geniais? E de Xavi, que de 110 passes, erra apenas dois (e muitos deles são feitos em direção ao gol, passes decisivos)? Iniesta é o cerébro que também pouco erra um dos fundamentos mais importantes do futebol e que o Barça, na sua simplicidade, nos relembra o quanto ele é importante.

Mas não fica só nisso. Fábregas é um grande jogador. Seja armando no meio, seja rompendo a grande área como um autêntico centroavante. Daniel Alves é brilhante, na lateral, na ponta ou no meio. Busquets, dá uma qualidade ao passe que os treinadores que exaltam Willians e Ralfs da vida deveriam se envergonhar.

Os coadjuvantes do time são de uma eficácia ímpar. Puyol, o cabeludo que muitos dizem ser o ponto fraco do time, é o símbolo do orgulho catalão. Contra um esquadrão como esse, o que poderia o pobre Santos fazer? Guardiola, o comandante que pouco aparece, é, assim como a maioria desse elenco, formado no clube e portanto identificado com o seu legado.

O futebol total que o barça pratica, ao contrário do que muitos imaginam, não nasceu ontem. Essa prática vem desde a chegada de Rinus Michels e Cruiyyf, na década de 70. Há quase 50 anos é assim. Com mais ou com menos qualidade, com mais ou com menos jogadores formados nas divisões de base, pouco importa. A semente do futebol total está lá, dissiminada pelas equipes juvenis, chegando ao time profissional.

O que mais impressiona nesse esquadrão é a simplicidade. É tudo tão simples, que chega a parecer fácil. Se o time não tem marcadores, não dá se a bola para o adversário te atacar. Se não existem centroavantes de ofício, todos tem por obrigação aparecer na área para finalizar. Se o time está marcado, nada de chutão para devolver a posse de bola ao oponente (nem mesmo no tiro de meta se dá chutão). Roda- se a bola, toca-se de primeira, triangula-se. E, se nada disso der resultado, volta-se a bola para o goleiro e a jogada se inicia de novo. Simples assim.

É hora de engolirmos nossa arrogância e reverenciar o Barcelona. Um dos três melhores times da história do futebol mundial, ao lado do Real Madrid, de Di Stéfano, Puskas e Gento e do Santos, de Pelé. Vamos sentar todo fim de semana diante da tv, e agradecer a oportunidade de podermos ver a história sendo escrita diante de nossos olhos. Somos privilegados por isso. E o slogan catalão faz muito mais sentido agora do que nunca. "Més que un club". Realmente, o Barça é mais do que um clube. É simplesmente, um dos melhores de todos os tempos. Vida longa ao grande barça!

  

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